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A máquina que cria significados




A mente humana é uma máquina complexa e difícil de compreender em profundidade e na sua totalidade. A maioria de nós cria uma multiplicidade de significados e pensa que ‘sabe’ o que as coisas significam... pelo menos na maioria das vezes!


Os significados que produzimos afetam a maneira como nos sentimos e desempenham um papel crucial na forma como interagimos com as outras pessoas e nas respostas que damos às situações e circunstâncias do quotidiano. As interpretações que fazemos sobre esses acontecimentos desempenham um papel determinante na quantidade de stress que experienciamos no nosso dia-a-dia.


Imaginemos o exemplo clássico de quando estamos a conduzir e alguém se cruza, de repente, no nosso caminho. Uma das possíveis interpretações desse acontecimento poderá ser: "Que idiota, impaciente e egoísta este sujeito".


Ao fazer esta interpretação sentiria, muito provavelmente, raiva e irritabilidade. Embora não tivesse conscientemente a intenção de classificar aquela pessoa como “idiota”, a interpretação que fez era a mais óbvia para si naquelas circunstâncias. Direi mesmo que não pôs em dúvida que seria a adotada pela maioria das pessoas numa situação semelhante.


Porém, acredite ou não, aquela interpretação foi obra sua, não sendo a única que teria sido possível fazer.


Aqui, a mensagem a reter é que, efetivamente, a maneira como interpretamos as nossas experiências determina como nos sentimos e também o modo como interagimos com o mundo exterior.


A boa notícia é que não estamos presos às interpretações que a nossa mente faz automaticamente. De facto, é possível incorporar novos significados e outras interpretações ao considerarmos o mesmo evento ou circunstância, se fizermos a análise a partir de perspetivas alternativas.


As formas de interpretar o comportamento de uma pessoa que nos atrapalha no trânsito são ilimitadas, tais como:


- A pessoa teve um problema inesperado e agora está muito atrasada para um compromisso importante;

- O condutor é uma mulher em trabalho de parto e precisa de chegar ao hospital o mais rápido possível;

- O condutor recebeu uma chamada, enquanto estava a trabalhar, a informá-lo que a sua mulher tinha dado entrada num hospital;

- O carro pode estar com problemas nos travões;

Talvez o condutor se tenha sentido mal disposto fisicamente.


Como se pode constatar as interpretações podem ser infinitas e nenhuma é melhor do que a outra em termos absolutos.


Mas, a nossa questão é: Qual a interpretação que decidimos fazer e que nos deixa mais capazes de continuar o dia de forma a sentirmo-nos mais bem-dispostos? Provavelmente não será a nossa hipótese inicial, pois não?


Então, o segredo está em nos tornarmos especialistas (experts) do nosso pensamento e em desenvolvermos o saudável hábito de nos desafiarmos a nós mesmos.


Se alguma coisa posso deixar neste artigo para reflexão é que, se queremos seguir em frente, nunca nos devemos satisfazer com a primeira interpretação que nos venha à mente.


Ao contrário, e por princípio, sugiro: Opte sempre por pôr em prática o que se chama de "diálogo interno". Isto consiste em dizermos a nós próprios: “Ok, isto pode significar que... e o que mais poderá significar?” Que outras formas haverá para interpretar esta situação?

E qual é a importância do exercício “diálogo interno” que propomos? A sua importância está em melhorar a capacidade de analisar o meio ambiente de uma forma mais adequada ao nosso próprio bem-estar, e tornarmo-nos mais sábios a lidar com as pessoas e com as situações, de uma maneira geral.

Aproveite a sua “máquina” e explore novos mecanismos que o façam sentir-se bem e alinhado com o seu propósito de vida. Experimente!

PERGUNTAS PARA AUTO REFLEXÃO:

1) Recentemente, recorda-se de algum período na sua vida em que se possa ter precipitado e tirado conclusões que o tenham levado a sentimentos de culpa por ter “errado o palpite”?

2) O (s) resultado (s) desse acontecimento poderia (m) ter sido diferente (s) se tivesse parado e olhado com outras lentes, antes de uma conclusão precipitada?

3) O quanto gosta das pessoas que julgam, a si e aos outros, de forma irrefletida?



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